Juntamos as principais dúvidas que recebemos dos leitores e fomos atrás de um especialista para sanar as questões. Saiba o que funciona, o que fazer, quais mitos você deve evitar e até como saber se o lubrificante do seu carro não está bom
Por Cauê Lira
25/11/2022 10h55 Atualizado há 6 meses
Os óleos lubrificantes já vem com aditivos próprios e não se deve colocar outros para 'melhorar' seu motor Pixabay
O óleo está para o carro assim como o sangue está para o corpo. Essa analogia não é nossa. Ela é feita por José Tyndall, engenheiro mecânico da Petronas, que acumula mais de 30 anos de experiência com lubrificantes automotivos e manutenção de veículos.
Como o corpo humano, o veículo precisa de bons nutrientes para manter seu funcionamento e durabilidade. Gordura no sangue causa colesterol. Da mesma forma, um lubrificante inadequado também poderá prejudicar o seu carro no curto ou longo prazo. O uso de fluidos errados pode até mesmo provocar corrosão.
Você não precisa ser especialista no assunto, nem fazer cursos inteiros. Se souber isso aqui, já estará bem protegido:
Qual a diferença entre óleo mineral e sintético? Posso usar qualquer um?
A partir dos anos 90, as fabricantes passaram a recomendar óleos sintéticos para seus carros — Foto: Pixabay
Confundir óleo mineral e sintético é um erro grave que pode comprometer o motor do carro, segundo José Tyndall. O lubrificante mineral é menos refinado e tem mais impurezas em sua composição. Como os motores mais antigos (carburados, por exemplo) precisam de um nível de viscosidade alto, este tipo de óleo é ideal.
Um óleo com graduação 20W50, por exemplo, provavelmente só será encontrado na composição mineral.
Os lubrificantes semissintéticos e sintéticos são mais refinados, percorrem o motor inteiro com agilidade e respondem melhor a condições severas de uso. Este tipo de óleo melhora o consumo de combustível, reduz emissões de gases tóxicos, forma menos borra pela oxidação mais branda e tem maior durabilidade na comparação com o mineral.
“De 1996 para cá, as fabricantes passaram a recomendar o óleo sintético. Se você tiver um carro antigo, pode continuar usando o mineral, se essa for a recomendação. O óleo mineral não deve ser usado em nenhuma circunstância se a fabricante recomendar o sintético”, afirma.
Para donos de carros antigos (da metade dos anos 90 para trás), Tyndall também não recomenda o uso do óleo sintético. “Em time que está ganhando não se mexe. É melhor usar o mineral, pois motores antigos trabalham com viscosidades mais elevadas”, diz o engenheiro.
Devo substituir o filtro sempre que trocar o óleo?
Trocar o filtro de óleo é uma das maneiras de preservar o lubrificante novo na hora da troca — Foto: Envato
Essa é uma das principais dúvidas sobre lubrificantes automotivos, e também pode ser um dos momentos em que o barato vai sair caro. “Sempre que trocamos o óleo, um pouco do resíduo do lubrificante antigo fica no filtro”, esclarece Tyndall. “Este óleo está contaminado. Na hora que o motorista der a partida, ele será sugado e passará por todo o motor, contaminando o lubrificante novo”.
A função do filtro é reter impurezas e manter o óleo sempre limpo. Sua troca é essencial e não deve ser postergada, mesmo se o mecânico avaliar que o componente aguenta mais alguns quilômetros. “É uma economia porca, pois você economiza no filtro e compromete o motor. Portanto, sempre que trocar o óleo, troque o filtro”, alerta o especialista.
Posso misturar óleos de viscosidades diferentes?
“Jamais. Isso é um crime”, alerta o engenheiro da Petronas. “Misturando óleos de viscosidades diferentes, o motorista estará fugindo totalmente de suas especificações. O lubrificante é desenvolvido para atender critérios de desempenho e durabilidade – então misturar não faz sentido. A mistura de aditivos diferentes também pode aumentar a formação de borra e comprometer o motor do carro”.
Óleos mais finos são ruins para motores muito rodados?
Evolução dos motores pede óleos cada vez mais refinados para aumentar a durabilidade — Foto: Renato Durães
O engenheiro da Petronas afirma que a tendência é que os lubrificantes fiquem ainda mais finos e puros com o passar do tempo, mas ressalta que o proprietário deve sempre seguir o que é recomendado pela fabricante, de acordo com modelo e ano de fabricação.
“Os motores modernos têm menos folgas nos pistões e nos anéis de segmento. Essa evolução pede óleos cada vez mais finos para lubrificação. Isso garante maior durabilidade do óleo, menos emissão de enxofre na atmosfera e economia de combustível”, afirma.
Ou seja, mesmo se o carro tiver bastante quilometragem acumulada, continue com o que estiver descrito no manual.
Moro em um lugar muito frio. É verdade que nem todo óleo é adequado nessa condição?
Algumas regiões do Brasil são tão frias que chegam a registrar neve nos invernos mais rigorosos. José Tyndall diz que o proprietário deve ficar atento a dois tipos de óleo: monograde e multigrade.
Os óleos multigrades são identificados pela letra “W” no nome do produto (por exemplo, 15W40). “Essa letra é uma sigla para winter, que quer dizer inverno em inglês. Ela aponta que o óleo é adequado para trabalhar tanto em temperaturas mais elevadas quanto mais amenas.”, diz o engenheiro.
Em bom português, o multigrade pode ser traduzido por óleo multiviscoso. Ou monoviscoso, no caso do fluído já em desuso no segmento.
“Isso é pensado desde o princípio pelas montadoras. Um carro que roda no Brasil precisa rodar no Canadá. Por isso, a maioria dos óleos que temos disponíveis nas lojas são do tipo multigrade”, completa.
Em uma consulta feita por Autoesporte, nem encontramos nas principais lojas do segmento o óleo monograde. Essa especificação também não é descrita nos manuais de carros de passeio. Ou seja, essa é uma preocupação que você não precisa ter: use óleos multiviscosos.
FONTE: AUTOESPORTE.GLOBO